quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Abade de Baçal, Liceu Nacional de Bragança


Este post é dedicado aos meus amigos e colegas, antigos alunos do Liceu Nacional de Bragança.

Em 1911, há portanto 100 anos, o Abade de Baçal (Francisco Manuel Alves) publicou no Porto o 2º volume das suas Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, em que incluiu o seguinte texto relacionado com o Liceu Nacional de Bragança:

"Liceu Nacional de Bragança
O sistema constitucional veio desorganizar as bases da instrução vigentes no período anterior, e para obviar a estes inconvenientes criaram-se os liceus nacionais nas capitais de distrito por decreto de 17 de Novembro de 1836, o qual mandava extinguir nos respectivos distritos as cadeiras de grego, latim, retórica, moral, aritmética, geometria, história e geografia à proporção que os liceus se fossem estabelecendo, deixando contudo continuar as de gramática portuguesa e latina nas capitais das antigas comarcas que ao tempo não o eram de distrito, quando fossem relativamente importantes em população.
(…)
Por decreto de 14 de Novembro de 1860 foi criada em cada um dos liceus nacionais de Castelo Branco, Bragança e Portalegre uma cadeira de língua francesa e inglesa (Diário do Governo de 21 de Novembro de 1860).
(…)
O Liceu de Bragança começou a funcionar no antigo mosteiro de S. Bento em harmonia com a proposta apresentada na sessão de 9 de Março de 1853 por José de Moraes Faria e Carvalho, deputado por Bragança (Ibidem, de 10 de Março de 1853); daqui passou para uma casa particular e depois para o antigo hospital militar e capela adjunta de S. João de Deus, onde hoje se encontra (Correio Brigantino de 14 de Junho de 1906), que havia sido mandado fazer por el-rei D. Pedro II.
(…)
O decreto de 8 de Julho de 1857 manda ao governador civil de Bragança que apenas se realize a mudança do hospital militar para o extinto convento de S. Francisco, onde hoje se encontra, tome posse do edifício para ser nele colocado o Liceu.
Na sessão de 24 de Março de 1863, Albino Augusto Garcia de Lima, deputado por Bragança, interpelando o ministro dizia que pedira, há mais de quatro anos, o edifício que servira de hospital militar para nele estabelecer o Liceu, que de nada se fizera caso: continuando este estabelecimento a funcionar numa casa particular pela qual se pagavam de renda 96$000 réis, quando o orçamento da obra de adaptação do edifício montava em 1:200$000 réis.
Era o revoltante nepotismo do bem particular antepondo-se ao geral!”.

Nota: Este texto pode ser lido nas páginas 375 a 379 do II Tomo das Memórias (…), reedição do Museu do Abade de Baçal, Bragança, 1982.

3 comentários:

  1. Obrigada,caro Aniceto,por nos dedicares este post,que nos faz recordar os bons tempos da nossa passagem pelo Liceu.
    Abraço da amiga e colega,que muito aprecia o teu trabalho,
    Odete M.

    ResponderEliminar
  2. Que falta me fazes para redescobrir a história do meu Liceu da Guarda. Vou ver se o teu Abade tambem escreveu sobre o meu. Talvez porque ele escreveu sobre tudo que na época era importante

    ResponderEliminar
  3. Chamo-me Elisa Araújo e tive a grata experiência de ter sido professora no Liceu Nacional de Bragança desde o ano lectivo de 1966/67 até ao ano de 1981. Foi uma experiência inesquecível que marcou indelevelmente toda a minha carreira como professora de Inglês e Alemão e ainda de Português. Tenho revisto alguns antigos alunos em Lisboa e é sempre uma festa!

    ResponderEliminar