quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Alexandre Herculano, Dos Extremos!


A propósito da Constituição de 1838, escreveu Alexandre Herculano, nesse mesmo ano, há portanto 173 anos, alguns textos depois reunidos nos Opúsculos. Um deles, intitulado “Dos Extremos”, termina assim:

(...)
Que deve portanto fazer um país quando possui a liberdade?
Abraçar-se com ela, não querer nada mais, nem nada menos do que ela, porque o mais e o menos conduzem igualmente à escravidão; negar os ouvidos tanto a sugestões dos absolutistas, como às pomposas, lisonjeiras, e traidoras frases dos aventureiros, tribunas de encruzilhadas, e ciganos políticos, que lêem a buenadicha às nações. Amestrado pela experiência alheia, e talvez também pela sua própria, esse povo já desapertado de grilhões, e descercado de inimigos, deve até repelir com indignação, como altamente suspeita, toda a oferta que se lhe fizer de mais liberdade. É por aí que a conjuração permanente dos déspotas muitas vezes introduz a peste, que depois se conhece donde veio; mas já não tem remédio; cuida-se introduzir na cidade um paládio de salvação, para lhe dar entrada se rasgam os muros antigos, os votos de toda a plebe o saúdam; mas dentro daquele paládio vêm escondidos os soldados e armas dos inimigos, e a destruição do império!
Releiam isto os que são capazes de o entender, preguem-no, expliquem-no, embebam-no nos ânimos públicos, trabalhemos todos na felicidade alheia, que em política é o único modo de conseguir a própria.

Se me é permitido, deixo, como pessoal, esta mensagem final de Alexandre Herculano para o ano de 2012: "Trabalhemos todos na felicidade alheia, que em política é o único modo de conseguir a própria". 

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