sábado, 28 de janeiro de 2012

José Relvas, 28 de Janeiro, a revolução frustrada!


No dia 28 de Janeiro de 1908, faz hoje 104 anos, ocorreu em Lisboa uma tentativa revolucionária frustrada contra a Monarquia e o governo de João Franco, um prelúdio da revolução republicana de 5 de Outubro. Estes acontecimentos foram lembrados por José Relvas nas suas Memórias Políticas, da seguinte forma (1º volume, pp. 53-54):

“Precipita-se a marcha da ditadura para a tragédia. Hintze Ribeiro morre atacado de súbita congestão no Cemitério do Alto de S. João, na realidade minadas as suas energias pelos imensos desgostos que lhe tinha infligido a realeza. O juiz Veiga, sustentáculo da acção monárquica contra os republicanos, abandona o lugar de juiz de Instrução, depois da explosão das bombas na Calçada da Estrela - o primeiro alarme da existência das associações secretas.
D. Carlos, não podendo deter-se na batalha travada com os velhos partidos políticos, acaba por se divorciar de todos na entrevista realizada em Cascais com Joseph Galtier, redactor do Le Temps. Sucedem-se novas explosões de bombas (Carrião), e os decretos de Novembro, que são o prelúdio da lei de 31 de Janeiro, já muito ameaçadores para a segurança individual dos chefes republicanos.
O movimento de 28 de Janeiro (1908), insuficientemente organizado e deploravelmente malogrado, determina a fase delirante. Presos João Chagas, António José de Almeida, Afonso Costa, Alfredo Leal e França Borges, republicanos, e os dissidentes Egas Moniz, visconde da Ribeira-Brava e João Pinto dos Santos, o ditador prepara a prisão de outros chefes e a deportação de todos os que pudessem ser-lhe estorvo e ameaçar-lhe até a vida.
A exaltação popular é então enorme! João Franco, esperado por bandos de conspiradores, ilude a perseguição procurando todas as noites refúgio em diversas casas. A situação torna-se cada vez mais violenta, até que o decreto de 31 de Janeiro entrega ao Governo, discricionariamente, todos os cidadãos suspeitos de hostilidade ao Governo, ao rei e ao regime. D. Carlos sente a gravidade excepcional desse momento. Hesita na assinatura do decreto que lhe é apresentado em Vila Viçosa como garantia de segurança pessoal e de vida para as instituições, parte para Lisboa na tarde de 1 de Fevereiro, alucinado por previsões as mais terroristas, e na carruagem em que cai morto pelas balas de Alfredo Costa encontra-se o revólver, com que se teria defendido de agressão que não fosse tão brusca e de morte que não fosse tão instantânea”.

Nota 1: Ver em Aquilino Ribeiro, Um escritor confessa-se - memórias, a descrição da explosão do Carrião e os acontecimentos desta época.
Nota 2: Parecendo não existir um portal dedicado a José Relvas, ver as melhores informações em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Mascarenhas_Relvas

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