segunda-feira, 18 de junho de 2012

Guerra Colonial, Uma aliança racista!

No dia 18 de Junho de 1973, faz hoje 39 anos, iniciou-se, em Pretória, a quinta reunião de alto nível do “Exercício Alcora”, nome dado à aliança político-militar entre Portugal, a África do Sul e a Rodésia, onde se discutiram as formas de organização de um “Quartel-General Permanente Combinado Alcora”.

Ao fazer o balanço geral das actividades, o presidente da reunião, general W. R. van der Riet, da África do Sul, salientou algumas informações importantes. Em primeiro lugar, disse “que os três Governos Alcora” já haviam aprovado o “Conceito Estratégico Global Alcora”. Depois, que a Subcomissão de Informações tinha “revisto a ameaça (Janeiro de 1973), particularmente no que se refere a uma possível ameaça convencional contra os territórios Alcora por volta de 1976”, pelo que tinha sido decidido discutir a ameaça num ponto específico da agenda. Finalmente, o presidente acrescentou que tendo sido determinado à subcomissão de Comando e Controle que “elaborasse propostas relativas à organização, funções, modus operandi e requisitos em pessoal para um Quartel-General Permanente Combinado Alcora”, esta tinha recomendado um ”Estado-Maior Permanente Alcora”, mas que os acontecimentos tinham ultrapassado essa proposta. De facto, “a proposta da RAS relativa a uma mais ampla organização foi discutida entre os ministros da Defesa de Portugal e da RAS que concordaram com o estabelecimento de uma Organização Permanente de Planeamento Alcora (PAPO)”. Mais, o presidente “expressou a sua satisfação pelo facto de todas as deliberações Alcora relativas a uma organização permanente” terem sido aprovadas pelos dois governos, sendo de salientar que a RAS se ofereceu “para fornecer acomodação e serviços administrativos requeridos pela PAPO em Pretória”. A estas informações, um representante rodesiano declarou que “o Governo Rodesiano aceitou em princípio as propostas feitas para a PAPO e acrescentou que os rodesianos estavam muito gratos e sensibilizados com a RAS pelo convite”, tendo o representante português acrescentado que “a delegação portuguesa se sentia muito satisfeita com o facto de a PAPO ser estabelecida”, chamando a atenção para dois factos recentes: “os governos africanos tinham recentemente feitos grandes esforços com o fim de resolver os seus diferendos e tinham progredido nos seus esforços contra nós” e “o acordo sobre a guerra do Vietnam podia conduzir ao fortalecimento das organizações terroristas e ao seu apoio com um aumento do fornecimento de armas e material”. Por isso, acrescentava o representante português, “o trabalho a realizar durante esta reunião seria da maior importância para a África Austral”.
O governo português, no final da sua existência, comprometia-se numa aliança contrária ao seu próprio entendimento político da “questão ultramarina”, preferindo uma aliança com os países racistas da África Austral a qualquer outra solução.
Ver: Aniceto Afonso e Carlos de Matos Gomes, Os Anos da Guerra Colonial, Porto, Quidnovi, 2010, p. 732.

Sem comentários:

Enviar um comentário