No dia 10 de
Junho de 1880, faz hoje 142 anos, comemorou-se o tricentenário de Camões, festa
que os republicanos aproveitaram para combater a Monarquia e fazer a propaganda
das ideias republicanas. Teófilo Braga escreveria o seguinte trecho sobre o
evento, na sua História das Ideias Republicanas em Portugal:
“A
democracia portuguesa conta com uma data gloriosa, que é o começo de uma era
nova: o 10 de Junho de 1880. Nesse dia, todas as forças vivas, tudo quanto há
com futuro ainda nesta pequena nacionalidade, vibrou com unanimidade ao impulso
de um estímulo consciente, a tradição ligada ao nome de Camões como o
representante e o símbolo da civilização de um povo que se sente fora da vida
histórica. (…)
Nenhum passo
a favor da liberdade portuguesa se deu sem que fosse provocado pela compreensão
d’ Os Lusíadas (…) todos procuraram nesse paládio nacional as consolações do
desterro, a inspiração para a renovação artística, o vínculo fraterno que
ligava todas as vontades”.
Eis o meu
contributo para a celebração do poeta: duas estrofes d’ Os Lusíadas que, como outras,
nos podem servir de inspiração:
E ponde na
cobiça um freio duro,
E na ambição
também, que indignamente
Tomais mil
vezes, e no torpe e escuro
Vício da
tirania infame e urgente;
Porque essas
honras vãs, esse ouro puro,
Verdadeiro
valor não dão à gente,
Melhor é
merecê-los sem os ter,
Que
possuí-los sem os merecer.
Canto
IX, 93
Não mais,
Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada
e a voz enrouquecida,
E não do
canto, mas de ver que venho
Cantar a
gente surda e endurecida.
O favor com
que mais se acende o engenho
Não no dá a
pátria, não, que está metida
No gosto da
cobiça e na rudeza
Duma
austera, apagada e vil tristeza.
Canto X, 145
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