No dia 22 de Fevereiro de 1974, faz hoje 38 anos, foi publicado o livro do general António de Spínola, Portugal e o Futuro, que deu um golpe certeiro no debilitado regime do Estado Novo e no governo de Marcelo Caetano. O livro foi importante não pelas ideias e soluções que defendia, mas sobretudo pelas repercussões que a sua publicação introduziu no processo de desagregação do regime. Depois do 25 de Abril, Jacinto Baptista, homem da oposição e jornalista, referiu a publicação do livro de Spínola no seu livro Caminhos para uma Revolução, da seguinte forma:
“Semanas antes de publicada a obra de Spínola, alguém, sob promessa de sigilo, mostrou-ma em provas, com emendas do punho do autor e disse-me por estas ou equivalentes palavras:
-Este livro vai ser o detonador (e o catalisador) de algo muito sério na vida nacional e, em si mesmo, um acontecimento da máxima importância política, talvez sem paralelo em Portugal no último meio século.
Bastava folheá-lo, como fiz naquele serão, entre amigos, para me aperceber de que quem me falava assim tinha razão. Portugal e o Futuro era, de facto, um acontecimento sem paralelo, não tanto por aquilo que nele se dizia, mas por quem o dizia, em consonância com um ideário e um desejo de acção que subterraneamente estavam em gestação ou se desenvolviam já em semiclandestinidade e encontrariam, na obra de António de Spínola, a primeira grande projecção pública, algo como que uma válvula de escape aberta a largos sectores da população portuguesa, politizados ou não politizados”.
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