sábado, 15 de outubro de 2011

Seara Nova pretende...

No dia 15 de Outubro de 1921, faz hoje 90 anos, foi publicado o primeiro número da revista Seara Nova. A revista representava um grupo de homens que se propunham intervir na situação do país. Os seus principais mentores eram figuras de grande relevo intelectual, como Jaime Cortesão, Raul Proença e Câmara Reis. A capa era da autoria de Leal da Câmara e o seu primeiro texto era o seguinte:

"Seara Nova pretende:
Renovar a mentalidade da elite portuguesa, tornando-a capaz dum verdadeiro movimento de salvação;
Criar uma opinião pública nacional que exija e apoie as reformas necessárias;
Defender os interesses supremos da nação, opondo-se ao espírito de rapina das oligarquias dominantes e ao egoísmo dos grupos, classes e partidos;
Protestar contra todos os movimentos revolucionários, e todavia defender e definir a grande causa da verdadeira Revolução;
Contribuir para formar, acima das Pátrias, a união de todas as Pátrias - uma consciência internacional bastante forte para não permitir novas lutas fratricidas".

O texto de apresentação concluía-se com os seguintes propósitos:

"O GRUPO SEARA NOVA não lisonjeará nenhuma classe da sociedade.
O GRUPO SEARA NOVA não dará a nenhum dos seus aderentes qualquer esperança de benefício pessoal.
O GRUPO SEARA NOVA não pretende o poder, mas preparar as condições necessárias de todo o verdadeiro poder.
O GRUPO SEARA NOVA quer a Revolução, mas não aplaude as revoluções.
O GRUPO SEARA NOVA quer semear em proveito colectivo, e não colher em proveito próprio.
O GRUPO SEARA NOVA não se limita a prosternar-se perante as glórias passadas da Pátria: quer criar para a Pátria uma nova glória.
O GRUPO SEARA NOVA não olha o Passado, marcha resolutamente para o Futuro.
O GRUPO SEARA NOVA não se limita a glorificar os mortos heróis: quer que apareçam os heróis vivos.
O GRUPO SEARA NOVA não fará festas, nem lançará morteiros. Dirige todos os esforços para a acção, e para a preocupação do dia de hoje e de amanhã".


Capa do nº 1 da Seara Nova, da autoria de Leal da Câmara


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