No dia 18 de Outubro de 1817, faz hoje 194 anos, foi executado em S. Julião da Barra, o general Gomes Freire de Andrade, no mesmo dia em que outros condenados pelo mesmo crime de conspiração foram também executados em Lisboa, no Campo de Sant'Ana, actual Campo dos Mártires da Pátria. No Memorial a D. João VI, escrito em 1824, João Bernardo da Rocha Loureiro, resumiu os acontecimentos desta maneira:
"Alimento com que os Estados se conservam só pode ser a justiça, e não há veneno mais certo que a crueldade para os arruinar e destruir. Que valeram aos governadores do Reino em 1817 suas inquisitoriais fogueiras de Sant'Ana em que foram queimadas barbaramente as carnes a um apostolado de portugueses? O espírito dessas vítimas (mais certo do que é o passarem-se a outros corpos as almas das viúvas que se queimam no Oriente) transmigrou para os autores da revolução do Porto, e parte de suas cinzas, misturando-se com a terra e desenvolvendo rapidamente os gases, matéria inflamável dos vulcões, veio nessa terra a abrir um boqueirão que devia ser o sepulcro infernal do despotismo. Castigos que dêem hoje não aproveitam aos tiranos, a quem virão a cair sobre as cabeças; ao povo sim, que por seus trabalhos e sacrifícios no empenho e demanda da liberdade, quando se venha a ganhar, não só a terá no preço que vale por o que é, mas também no valor e estimação do que lhe custou. As nações têm mais de uma cabeça; não se podem de um golpe decepar, como o desejava um tirano da Antiguidade. Já hoje não podem ferros, potros e fogueiras destruir de todo a liberdade; fora mister para isso acabar com a natureza humana".
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