sexta-feira, 13 de abril de 2012
Abrilada de 1961, Um fracasso anunciado…
No dia 13 de Abril de 1961, faz hoje 51 anos, os altos comandos militares, dirigidos pelo general Botelho Moniz, ministro da Defesa, levaram a efeito uma tentativa de golpe de Estado, sem êxito, que ficou conhecida por “Golpe Botelho Moniz” ou por “Abrilada” de 1961.
O “Golpe Botelho Moniz” foi uma tentativa de golpe palaciano, um pronunciamento militar para impor uma solução política para o Ultramar no sentido da autodeterminação.
A acção começou a 11 de Abril, quando o Exército entrou de prevenção. Kaúlza de Arriaga, subsecretário de Estado da Aeronáutica, sem autorização superior, respondeu e deu a mesma ordem à Força Aérea. No dia seguinte, Salazar ordenou ao ministro da Marinha, Quintanilha Dias, que pusesse a Marinha de prevenção.
Entretanto, Botelho Moniz e Almeida Fernandes, ministro do Exército, forçaram uma reunião com Américo Tomás que, numa estratégia de ganhar tempo, só os recebeu por volta da meia-noite. A reunião correu mal para Botelho Moniz, que se chegou a travar de razões com Almeida Fernandes à frente de Tomás.
Após esta reunião, Tomás comunicou por carta a Botelho Moniz a sua intenção de reiterar a sua confiança em Salazar.
Depois de todo este tempo perdido, Botelho Moniz convocou, para 13 de Abril às 17 horas, uma reunião na Cova da Moura, sede do Estado-Maior General, com os altos comandos das Forças Armadas, incluindo os comandos das Regiões Militares, para decidir a passagem à acção. Toda os comandos foram avisados desta reunião, até Kaúlza, que, por sua vez, avisou Américo Tomás e o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, regressado nesse dia do estrangeiro.
Às 15 horas do dia 13 de Abril os golpistas foram surpreendidos pelo contra-ataque de Salazar ao ouvirem na Emissora Nacional a leitura de um comunicado dando conta da demissão do ministro da Defesa e dos outros membros do governo envolvidos.
Quando a reunião se realizou, às 17 horas, já foi, formalmente, uma reunião conspirativa e clandestina. O marechal Craveiro Lopes compareceu a esta reunião com uma mala com o seu uniforme de gala para fazer uma comunicação ao país, mas era tarde de mais. O golpe tinha falhado. Seguiram-se treze anos de guerra nas colónias.
A equipa militar que acabava de cair fora nomeada no rescaldo da campanha de Humberto Delgado, em 1958, quando Botelho Moniz substituiu Santos Costa na pasta da Defesa Nacional. Esta equipa envolveu-se numa mudança militar, com base num conceito de defesa completamente diferente, tendo em conta as novíssimas ameaças que pairavam sobre as colónias portuguesas.
A equipa do Exército era chefiada pelo ministro Almeida Fernandes e pelo seu subsecretário de Estado, Francisco da Costa Gomes.
Num dos primeiros documentos que elaboraram, datado de 24 de Junho de 1958, para servir de directiva básica à reestruturação do Exército, procuraram sistematizar, muito sinteticamente, mas de forma ousada, as condicionantes de partida. No que dizia respeito à “atitude das Forças Armadas perante a situação política vigente”, os autores são muito claros: “As Forças Armadas mantêm-se, por disciplina e sensatez, coesas e prontas a reprimir alterações da ordem pública. No entanto, não é o mesmo o espírito dos diversos escalões.
Nos oficiais, para cima de Major, pode dizer-se que a maioria é simpatizante com a situação política vigente. Pelo contrário, nos restantes oficiais, nos sargentos e nas praças readmitidas é quase geral o descontentamento. Crê-se que muito poucos subalternos, sargentos e praças tenham votado no candidato da União Nacional”.
Estava assim demonstrado que não se desconhecia a situação e que haveria muito trabalho a fazer. Mas para que não restassem dúvidas sobre os motivos que conduziram a esse ponto, o documento aponta depois as “Causas da situação do país perante a situação política vigente”, e que eram, em suma – “Pouco crédito que os quadros da actual situação política merecem ao país; Pouca eficiência do governo; Mau funcionamento dos Serviços Públicos; Disparidade de nível de vida das diversas classes da população; Deficiente preparação da juventude”.
O confronto com o regime era, portanto, uma questão de tempo!
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